segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013 bis


e o ano se faz pedra
que "nada alí há por desvendar"
no espaço adiante há portas
e a colina verde a galgar
e lá pelo fim do dia
exaltaremos a alegria
abertos para o mar

2013 ao largo
tudo por navegar


Rio, 31 de dezembro de 2012



domingo, 30 de dezembro de 2012

2013



é de esperança a luz que me ilumina
difusamente  verde
azul no sonho
onde furtivo falso balança
o mar em que me vejo

escuto o vento nesta noite escura
hesito entre o que me espera o dia
pressinto-o só a murmurar

nada devo às cores
são sons que meus olhos sentem
mas incertamente cantam

é irreal este poema


Rio, ante-véspera de 2013







sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

REFLEXOS


1.
lá pelo fundo da memória
escavei a lembrança de um tempo
2. 
a luz que ilumina esse tempo
sucumbe sob o vento
3. 
se o inverno não supõe a primavera
resta pouco à espera
4.
um corpo nu despidas as vergonhas
é tudo que o desejo ainda sonha
5. 
entretanto

saber que a folhagem ainda verde
acaricia a sombra fria
outro tempo pressinto que anuncia


Rio, dezembro de 2012





TERCETOS SOB O SOL


I
sol quente em areia branca
mar azul
verão
II
barracas em mil cores
sol dourado
corpos nus
III
Rio fervente
ondas derramam enseadas 
verde nas encostas
IV
corpos malhados
douram sexo
sensualmente molhados
V
nuvens de verão
poente vermelho
incendeia o céu

declaração em data incerta

Rio de mil amores 
dezembro de 2012
te amo







quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ANO NOVO



falam de um ano que virá
tangido pelos astros
para o reinício da vida
escuto isso curioso e atento
como já esperei outros anos

para mim o sol inaugura o dia toda manhã
e brilha escutando o que diz a gente
seu brilho me fascina
é fogo de uma nova idade
no mistério do equilíbrio entre astros
em sensível eternidade

ouço a gente falar de um novo ano
mas o ano começa no nascente
a cada dia como a vida
e o ano não é mais que um novo dia 


Rio, dezembro de 2012





segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

VIVER






entre netos encantado com as netas

a mesma forma de viver 
enfeitiçado pela vida
faiscando o coração

ano vai ano vem

a alegria existe
e pode ser triste também

nada é em vão


Rio, Natal de 2012. 



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

CICLO



pouco falta para o anoitecer
sopra o vento sudoeste
vermelha a tarde
longo o dia
que com rapidez se distancia

o homem pelas ruas 
caminha contra o tempo
no rito da iniciação
de um breve despertar em novo dia
esperando o novo sol
para saudar mais tarde o tardio entardecer
de um verão


Rio, dezembro de 2012.













segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

DESCONSTRUÇÃO



ah rio que me leva a vida
e deságua sem memória
no oceano de recordações perdidas
sigo-te sem me perguntar da fonte
sigo teu modo de ser água
onde toda lembrança se desfaz

sei que passas desfazendo gotas
na inútil sede de meus olhos
que se recusam a ver por não saber
donde vens
para onde vais
e curiosos sonham sonhos que se sonham
na memória de não lembrar

segue teu curso deixo-me estar
no lugar de não pensar
no que serás adiante
onde difusamente sei que estarás

Rio de Janeiro, dezembro de 2012.




 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

DESEJO



dizem que estou triste
em pleno verão

não não 


sonho com outra forma de viver

talvez incorpóreo pra ser feliz

dispo-me

esqueço as honrarias
tanto por crer quanto descrer

mas não sou triste


não vejo a diferença

dos que pretendem a alegria
como forma de viver por outro caminho

ainda sonho


visto-me
em busca do verbo
para louvar o verão
em pleno inverno
ardendo de paixão

a palavra é memória de meu esquecimento

nunca está
para dizer as coisas que se dizem

ah palavra indigente

do verso sem sentido
no poema inobtido

desisto quando penso no sonho que não sonho

ao recordar-me de ti
não sou triste

são teus lábios que quero


Rio de Janeiro, dezembro de 2012.










segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

SILÊNCIO



o silêncio é falta de palavras
é poesia se o escuto 

olho o mar as gaivotas
sinto o vento que sopra a sudoeste
vejo céu 

ondas em seu movimento pendular
a cidade e o comércio de Natal

crianças ainda vibram
com o mito do Papai Noel

desolado
solitário
queria ter com quem falar
mas hesito
dentro de mim nada canta
e tenho medo
da ausência de ternura
do silêncio sem palavras
e não me encontro  


Rio, manhã de dezembro de 2012.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

VIDA



aos amigos que se pronunciaram a 1 de dezembro
e aos outros que se lembrarão


"leve e passageira" diria Pessoa
sorrateira digo eu
setenta e dois anos passados
prenunciando o fim
indesejado

nem o tempo nem o vento
se não estou enganado
fazem-me descrer
do outro do sonho e da vida

sete décadas somam setenta
no meu tempo de viver
e mais dois de sobrevida
não mudam o encanto de ser

sou quem sou
e assim hei de ficar
como pedra a perpetuar
sem tédio amante de estar


Rio, 2 de dezembro de 2012.