sábado, 19 de fevereiro de 2011

PAZ






A pedido de Ianê Mello,
um quase haikai



o homem se faz barco
para melhor navegar
a sua Paz


Rio, fevereiro de 2011



STRANGE THOUGHT








cansado de pensar
sorrio
e te vejo ausente
distante
procurando meu olhar
sabendo o que sinto
e tudo o que posso pensar

aqui estou
nunca indiferente
presente

não temas
tens o que digo

strange thought
I never think
it happens
is it love?

Rio, fevereiro de 2011




VENTOS






o segredo dos ventos é que sopram
e nos mantêm cativos

porque visíveis
superam a imaginação
que as aves
navegam no pleno do sol

sopram para onde querem
não sem razão
sopram
e por aí os percebemos

de que vale o poema sem o vento?


Rio, manhã de verão, da janela de minha casa, fevereiro de 2011



UMA AUSÊNCIA





hesito entre palavras
difíceis
fáceis
nada reflete o real

à distância no horizonte
navega uma chalupa
e o vento passa indiferente

o mistério perpassa o pensamento
em busca da idéia
de uma outra casa
na outra margem

também sou mortal
e me confronto
com a suposição do infinito
onde me leva o vento

na barulhenta memória
sinto o presente
mas é o passado que me escolhe

em meio a tudo
submeto-me
ao silêncio atordoante
da tua ausência


Rio, fevereiro de 2011