falar de mim
talvez um poeta
possa pensar sem o dizer
ah sou um caracol
enredado na alma de um pássaro sem asas
impaciente diante da palavra
não sou poeta
canto sem sentir
penso sem cantar
peco por mentir
é tão breve tudo
tenho os olhos de um marinheiro
por uma escotilha o céu
ondeando incerto o mar
para limitadamente ver o cais ao atracar
tenho consciência disso
canto o que vejo
digo o que penso
finjo quando não minto
a verdade seria uma injúria
não a quero
prefiro viver
Rio, janeiro de 2013