"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
LIMITES
aos setenta e três diz minha intuição
sensatamente
pouco haver para criar
reservo-me o direito de ignorar facetas de meu inconsciente
como o ar se esquece das aves os mares dos peixes e a floresta dos répteis
mas o farei
ignorarei o amor mas não deixarei de amar
ignorarei o tempo mas ele não deixará de passar
ignorarei meu corpo mas ele não cansa de decair
ignorarei o mundo mas ele está em torno de mim
não posso ignorar a vida
não devo ignorar a alma que me provê transcendência
não abandonarei meus sonhos são a essência de mim
insistirei na poesia perdida por me salvar
lenda ou sonho realidade ou fato
o poema é o meio por sobre a montanha
de cuja altura avisto
esquecer ontem viver hoje pressentir o futuro são o inevitável
que eu não quis mas não se acaba assim
passou o vento e a tempestade
há quanto tempo nem sei
levo o sonho que vivo seguro por me salvar
gente me enche a vida
jovem traz-me a alegria
que nas crianças são o bulício
nesta idade o sol está no poente
o romance apenas iniciado
o poema inacabado
e o amor com força presente
no claro do luar que suave ilumina a escuridão
para além disso sou gente
para aquém disso nem sou
Rio, janeiro de 2014.
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