domingo, 28 de janeiro de 2024

UNIVERSO

 


nada a diser sobre o Universo

que não cabe nos meus versos

falo da Terra

migalha entre migalhas

pó onde poucos sabem

mas estamos sós


Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2022

SONHO

 


meu papel

é viver para nada 

ou partir para o esquecimento


o segredo escancarado da vida

é nada durar 

não durar ou durar talvez

para morrer


o sonho dirão

o sonho 

é viver com o que se possa sonhar

com pressa


a ideia do sonho é mera presunção


sonho com o sonho

no esquecimento

nem me recordo dele

na lembrança

nem mesmo me recordo na lembrança

nem mesmo na lembrança

da desesperança


Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2024

ESTRANHEZA

it is so strange 


eu penso no tempo
estranho passar enquanto se deixa ficar
mas o mesmo tempo desafia
e nos pergunta
por quê
não há de ser
ou será
o não-ser vem a calhar
quando não se pode desfrutar
do sentido de sentir
talvez esse seja o sentido
e carnal fosse amar o instante
e gozar
talvez fosse esse o sentido
com alguma razão ou sem razão
temos vidas
nossas vidas
outras vidas
ou nenhuma talvez
e morremos
para outra vida
mas há ou não há
aah
não sei nem saberei
ou saberei sem saber
fico só
comigo só
porque assim tão sozinho
posso pensar
e me angustiar
não
não é sonho
escrevo
as letras hão de ficar
assim
assim pode ser
no manicômio talvez
lúcido
sem pensar
Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2024