"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
domingo, 19 de julho de 2009
POEIRA DE ESTRADA
foi poeira o pó da estrada
pó que voltará a ser pó
sujeito à brisa do tempo
ou mero desejo das fadas
aqui à beira do verso
procuro encontrar o poema
que nada sôe e tudo diga
como desejos de amigo
que tanto mistério não há
nas manhãs de pouco sol
ou noites de tanta luz
no lapso de meu tempo cantei
tanto amei de tanto amar
cheguei não vim pra ficar
Rio, julho de 2009
ALGUÉM NINGUÉM
tentei ser quem já não sei
mas agora até me esqueço
quanto foi vida vivida
no tempo que já deixei
tudo que hoje me importa
é não ser triste
isso é tudo
a que juntar alegria
de cada hora em minutos
venha o tempo
já não o contarei
no saldo caminharei
é clima de inverno
a chama tênue e o sopro breve
só me lembro que sonhei
tenho esse sentimento
que não é um pensamento
mas busca o brilho do sol
vou em frente
de afeto e desafetos
faço amores e meu bem
da alma que tenho breve
do resto que me pertence
os rios correm ligeiros
desaguam inevitavelmente no mar
passam sem se deixar
nem mesmo acariciar
pretendo deixá-los passar
sou quem sou
não sou mais do que alguém
nesta terra de ninguém
Rio, julho de 2009
CAMINHOS
quem sou eu que não me vejo
quem é o homem no espelho
quem serei sem meu desejo
quem se esconde dentro de mim?
por onde chego aonde
passam meus passos passam
a caminhar o caminho
donde por onde vim?
serei eu o meu reverso
perdido nestes meus versos?
Rio, julho de 2009.
SEGREDO
eu não contei meu segredo
nem sei mesmo por quê
mas aqui deste degredo
só não sabe quem não lê...
Rio, julho de 2009
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