terça-feira, 10 de junho de 2008

MANHÃS






Nas manhãs silenciosas de meu verso

a brisa sopra leve o sonho

e o que ouço é rumor diverso

no tecido que em palavras ponho



breve tempo de procura

longos anos sem sentido

o que faço é mera travessura

entre palavras perdido


Londres, junho de 2008.

MEU MAR





Borges sonhava cores no escuro de seus dias
eu sonho palavras e o desejo de encontrá-las

na algibeira da memória recordo fatos
no rumor do coração minhas paixões
às vezes uma difusa sensação
de que despertarei

já escrevi demais
mas sinto na tarde
o impulso irresistível
de dizê-las

a noite chega rápido o entardecer é curto
temo esquecer o que me pareceu eterno
no tempo terreno que se extingue

sei que partirei mas preciso ficar
para usufruir os dias
que nas praias brancas me encantarão

gozo o prazer do passado na imaginação
tão rápido o futuro
ao som das ondas preguiçosas
que se desenrolam nas curvas de meu mar.

Londres, junho de 2008.