sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

MAZELAS




...mazelas...não arrisco falar delas
físicas morais intelectuais e até mesmo virtuais
despencam torrenciais
desprendem-se ao mínimo rumor
de um pálido suspiro
de terror

é escuro o brilho do silêncio
tua ausência suporta mal a fidelidade
que deves ao gênio que escondes em rimas digitais
a língua desmembra-se
divide-se entre o gôzo e o desejo
confunde o antes e o depois
e lambe selos num ritual ancestral
languidamente

julguei que nada havia a dizer do desencaixe
com receio do vazio de teu eu longe do meu

Rio, fevereiro de 2009

O TEMPO


que inútil seria suprimir o tempo
sem eliminar a angústia e todo sofrimento

congelar o fel em nada muda a substância
o vinagre está em nós
e por isso escrevo supero o tempo passo e deixo a borra

se o tempo não existe
eu existo
por que não aparecer
se tanto quero viver?

Rio, fevereiro de 2009