quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CANTIGA FORA DO TEMPO



se por outro me trocares
se for para me deixares
não esperes testamento 
nenhuma justiça
serei apenas aquele que morreu


lá no etéreo serei esquecido
mas jamais esquecerei
o tempo embevecido
que a teu lado vivi


não há nem bem nem bom
nem qualquer toque  
que me salvarão da saudade
de quanto valeu a vertigem
tão breve tão curta tão linda 


na ilusão dos sentidos 
esta alma que é tua
ao teu lado há de ficar [2]
para contigo repicar
o bom e o bem de viver


tanto tempo tão pouco
para ao teu lado estar
mas se é para me deixares
quero gozar o momento
antes de acabar.


como será por dentro sonhar
de não partir e ficar


ah se pudesses saber o que sinto
talvez não me deixasses partir
não minto
do bem que me traz tal sentir


por isso guardo comigo
o que não é de ninguém
nem mesmo reparto contigo
o querer que não pude ter


Rio, dezembro de 2011.


[2] Camões