sexta-feira, 30 de março de 2012

AMOR SENIL



no ritmo romântico de outros tempos
eu bem queria
ter vinte anos novamente
e viver intensamente


de que vale ser poeta aos setenta anos
e cantar um amor intenso e decadente
para a morte pilhar-me de repente
e desamparar a quem amei


por uns tempos só
para que volte a amar um vagabundo


basta o que sou errando neste mundo
quebrei os sonhos do passado
deixei minha alma em um dos escaninhos
onde se esconde o esquecimento


sinto o presente como o futuro não sonhado
muito mais verdadeiro que a vida


não tenho cura nem cura quero
deixem-me viver os últimos suspiros
do amor que tenho
ainda que poeta e sonhador


não me maldigam estou livre
nesta orgia sem fim do fim de vida
quando todo o encanto se evapora
e fico só à beira do caminho


Rio, março de 2012.