"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
sábado, 10 de maio de 2008
CREPÚSCULO
Céu que vejo
terra que deixo
ave de arribação
pousa poesia
no crepúsculo do olhar.
Londres, março de 2008.
PERPLEXITATE
I
a alma que era minha perguntou
a alma daninha respondeu:
não está não chegou jamais partiu
II
questionou o espelho em que se via
quem é você que aí fora pensa ver
será objeto ou o reverso do sujeito
se os dois lados nem estão fora nem dentro
do externo que ao interno já não vê?
III
um grito de garganta nem minha nem alheia
mas eco na distância
de alguém que gritara a sua ânsia
se não sou o que gritou
nem alheio posso ser a quem ecoa
o grito que de mim não se ouviu?
IV
existo mas não sou o que viveu
serei o urro que não dou
o eu imaginário
já não pensa não vive já se foi
V
distraído da chegada pensei não ter partido
caminhei caminhos não a trilha do que sou
distraído à partida chegado aonde não cheguei
VI
gostei do que não tinha
o que fiz não alcancei
o que tinha não usei
descuidado sossobrei
NYC, junho de 2001.
BACHIANAS
é domingo novamente
as Bachianas soam como pensamentos
soltos na liberdade matemática
de pensar
o frio que evapora
perfumes
à brisa progressivamente quente
à brisa progressivamente quente
notas no seu ir e vir e vindas
vem a primavera sem demora
na paz do som achado em sol
o fá surdo e solene
da saudade
em notas altas
vem a primavera sem demora
na paz do som achado em sol
o fá surdo e solene
da saudade
em notas altas
forma precisa
emoção indecisa
tocadas ao ritmo da vida
Roma/Londres, janeiro/maio de 2003/2008.
emoção indecisa
tocadas ao ritmo da vida
Roma/Londres, janeiro/maio de 2003/2008.
LEMBRANÇA
foram-se distraídas
abertas par a par
quentes ilusões frias lembranças
a me deixar sem recordar
breve tempo curto sonho sustenido
breves e vividos
longo sentidos
sempre sofridos
Roma, outubro de 2003.
abertas par a par
quentes ilusões frias lembranças
a me deixar sem recordar
breve tempo curto sonho sustenido
breves e vividos
longo sentidos
sempre sofridos
Roma, outubro de 2003.
INVERNO
estrada sob neblina a ofuscar meus olhos
rumo à procura da última trilha
que me leve ao mar
Londres, fevereiro de 2008
MANHÃ
ondas derramam espumas
sobre areias perplexas com a intimidade do mar
o movimento desperta a sensualidade
atravessada pelo sol no limiar da manhã
irreversível
Londres, saudade do Rio em pleno inverno 2008
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