quarta-feira, 17 de julho de 2013

VIGÍLIA



não se constrói na escuridão
a noite fria sem constelações
não permite o sonho
nem o sonho sobrevém ao sono
da meia vigília de viver

pudesse eu dizer que existo
a consciência talvez me liberasse
do limbo de não ver
sombras à margem do real
o verdadeiro quem sabe
de onde estou

foge a linha do horizonte 
o caminho que não se abre
segue
em vão


Rio, julho de 2013



TÉDIO



tudo que eu poderia dizer
leva a nenhum lugar
mas o sol brilha impiedosamente
onde no espaço da luz
vela sobre a matéria inútil
o tédio da alma
que sem tempo deixa correr o tempo
sobre o mesmo olhar 
de uma saudade lancinante
do que se foi

Rio, julho de 2013