sábado, 22 de junho de 2019

DIVAGAÇÃO




nem sei porque deixei de cantar os sonhos

erro?
desencanto?
não 
não é esse o caminho

o contínuo do tempo não mudou
nem rompeu a madrugada um sol sem luz
no mar indecifrável sempre o horizonte impera
no céu de azul intenso velejam nuvens 
derramam-se na areia as ondas sossegadas
e as flores vicejam coloridas na encosta sempre verde  

o destino é o mesmo
e o amor não ignora que vivemos

sucumbi ao tempo que implacável passa

talvez
como o sol que anuncia o dia e acaba em noite
alheio ao fado
invencível na rotação que nos varia a hora 

ontem já se foi
o amanhã ainda não existe
e hoje me confesso 

ignoro por que perdi o verso
e já não canto como outrora
apenas vivo 
enquanto o tempo me conduz à indesejável hora

Rio de Janeiro, junho de 2019.