segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A SENSIBILIDADE DO OUTRO



se os homens fossem perceptivos e sensíveis
talvez não houvesse capítulos de incompreensão
na história do mundo


não há quem sobreviva sem dano ao mistério 
de desconhecer o que é pedra
e de não sentir a alma


o homem-pedra centra-se na imobilidade
e não pensa
o que existe além dele não existe


e ninguém sente o que a alma não registra
nem conhece a própria alma
vegeta


o outro é o inferno dizia Sartre
ignorando o demônio dentro de si
e o fogo a queimar-lhe o coração


perceber menos sentir menos
será esse o destino dos homens
ou da natureza imperfeita


ou sentir mais é reconhecer no outro
uma cópia de si mesmo
e respeitar 


valemos pelo que somos
viver é ser
e o ser existe no entendimento


nasci para ensinar e ensinando vivo
entendi que respeitar é parte de mim mesmo
e que o respeito constrói


entretanto



de que adianta ensinar
quando a sensibilidade entorpecida
ignora o outro



Rio, fevereiro de 2012.