"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
MAR DE IPANEMA
meu mar tem a quietude de sua beleza
dia vai dia vem
meus olhos o admiram atento
mar de Ipanema
ouço-o a murmurar
e encantar as manhãs
se às vezes me apaixono
não me apego a Vinicius
ou nem mesmo a Platão
de verdade falo comigo
fundo no coração
o mar de minha praia
não tem feitos heróicos
tem pedras e areia fina
que se perfilam até ao Arpoador
tem namorados enamorados
apaixonados como eu me sinto
a viver e não pensar nisso
Rio, fevereiro de 2014
MORAL
bendita a civilização
que faça de cada homem um templo
de respeito ao outro
de entendimento
de mútua atenção
bendita a educação
que nos faça sensíveis
culturalmente visíveis
respeitosos da natureza
da arte criada
serenos amantes um do outro também
o compromisso social
ensina-nos a responsabilidade
direitos e obrigações
política e moral
a cumprir nossos deveres
e a sermos pontuais
benditos sejam os homens
(e as mulheres)
que assim
sejam iguais
Rio, fevereiro de 2014
SAUDADE II
quando eu fui criança
inocente e gentil
aprendi com minha mãe a dizer obrigado
com meu pai geografia
com os meninos de rua
a ser feliz
fui menino
não sei se fui compreendido
mas a pracinha do outro lado
vista a cento e oitenta graus
floria e eu amava
estar lá
cresci na casa de vidro
e sua janela ovalada
era rapaz e tanto bailei
com minhas namoradas
que era vez por outra outra
mas para mim sempre a mesma
ah como é bom ter vivido
esse mistério da vida
e um dia caipira
ver meus filhos crescidos
bem educados
falando francês e inglês
ah que saudade que eu tenho da aurora da minha vida
Rio, fevereiro de 2014
SAUDADE
a casa em que vivi está lá
com suas janelas vermelhas
e a primavera florida
cercando-lhe a varanda
encantando quem a vê
há lembranças que me enchem a vida
como a pracinha defronte
e sua rua larga
distanciada por alas de "flamboyants"
esconder-se não havia onde
mas brincávamos de pique-esconde
a casa (creio) ainda está lá
e eu setenta e três anos a sonhar
a cada dia mais volto p'ra lá
Rio. fevereiro de 2014.
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