dizem que estou triste
em pleno verão
não não
sonho com outra forma de viver
talvez incorpóreo pra ser feliz
dispo-me
esqueço as honrarias
tanto por crer quanto descrer
mas não sou triste
não vejo a diferença
dos que pretendem a alegria
como forma de viver por outro caminho
ainda sonho
visto-me
em busca do verbo
para louvar o verão
em pleno inverno
ardendo de paixão
a palavra é memória de meu esquecimento
nunca está
para dizer as coisas que se dizem
ah palavra indigente
do verso sem sentido
no poema inobtido
desisto quando penso no sonho que não sonho
ao recordar-me de ti
não sou triste
são teus lábios que quero
Rio de Janeiro, dezembro de 2012.