quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O HOMEM





[dedicado a Fabio Luiz Delfino em 7 de janeiro

no seu momento da virada]



abstraio-me

do que penso e concentro-me no que sinto

dialogo comigo

trago o mundo no olhar

os magníficos homens

as mulheres essenciais

a vitória e a reverência

aos vencedores onde quer que seu traço deixem

mas nesse diálogo valem igualmente

a mansa água que me ilumina os olhos

a espada preparada

a memória da alma

o sentimento do mundo

amealhados na véspera de ser homem

para a difícil tarefa de compreender o outro


tanto tempo passado segue o amor

atrás do ilusório vento

a cantar a melodia da paixão

em busca da razão


não suponho automática a compreensão

mas despertas em meio à noite

sinapses retomam o coração

que repousa a angústia do dia

e vêm os sonhos


sim o outro é minha paixão

aquele que menino um dia homem

molda no seu dia-a-dia

inspirado na alegria

toda a percepção


o mundo vertiginoso gira

despencam a prumo

torrentes

tempestades

desencontrados punhais

mas o tempo esse implacável

remete o ritmo a seu lugar

e lhe dá lógica

amenizando erros

formalizando a sustentação

de dois e todos

no equilíbrio

entre razão e coração

para do exercício da dúvida

formar seguramente certezas


é tarde


mas há bonança e entendimento no diálogo

se cada um entende

quem é e pode retratar quem foi

no olhar para trás

e construir sobre o que fez

para avançar


Rio, janeiro de 2009