sábado, 26 de junho de 2010

INCERTEZA








assolado o infinito sem tempo é medida do que não há
nesta realidade cerceada rente a muros de incerteza

imortal instante isolado
o momento não vivido
é passado de futuro incerto
presente confinado à consciência
de que agora ontem tem outras cores
e é outra história

encantados entre números e suposições
o universo e a eternidade cruzam-se
para desmentir o visível
na distância imensurável dos anos-luz

encontro olhos que se indagam
mutuamente
em busca do que parece
a razão irracional dos templos

de tudo resta-me a luz de amores intangíveis
e o quanto penso
enquanto o sol me acaricia
como instrumento do que talvez seja a alegria

Rio, junho de 2010






IDADE







onde encontrar tempo na eternidade
como contar o instante no infinito
quando resolver a dúvida do presente
que tem passado inventa o futuro
mas não se apreende?

pergunto-me para gozar a irrealidade de tudo
enquanto espero o inverno
em pleno outono
de muitas flores e um prazer imenso...

vejo-me no outro
mas não me espelho
apenas constato que nada é opaco
e a transparência será identidade

não há idade
o tempo desfaz-se na eternidade

Rio, junho de 2010