segunda-feira, 5 de maio de 2008

ENFIM... [6]



no extremo de mim
não estou

nunca estive não sou

a fronteira de não estar
limita o extremo do ser

o silêncio é ser assim
invisível no poema
de jamais chegar ao fim

Londres, outubro de 2007

ECO [5]


Antes que o silêncio gritasse
antes mesmo que emudecesse
encontrei o eco de palavras
que ventaram momentos
onde o grito bastaria.

Londres, abril de 2008.

DIAS [4]



há dias de abelha a produzir mel
há outros de instantes
onde estou só
em vôo solitário de música e poesia
quando sou pássaro
em vôo livre de sentir o ar.


Londres, maio de 2008.

CUORE [3]

Ana Luiza Alice

netas


todo o mistério da vida pulsa

na esperança

doçura no variar de afetos

desejos que se tornam frutos


o corpo materializa

o coração
e prenuncia alma

des' seu primeiro e juvenil tumulto


Deus permite que se concretize o ser

único

distinto na verdade eterna sempre nova


sim eu sinto

o suceder de dias perfazendo anos

onde mortal não me impeço agora

de rever a esperança do início de meus tempos


Londres, março de 2008.

CORES DO POENTE [2]



As cores do poente são fortes na memória do que dói
e o que dói não é o tempo que passou
mas o futuro que encurtou.
Vêm as dores e o cansaço mas nenhum mal
é maior do que saber que o tempo acabou
minutos antes de viver.

Londres, abril de 2008

A MEDIDA DO TEMPO [1]


recordo o tempo
segundos na soma do que sou
e acabou

obscuro
navego o futuro
sem jamais o ter presente

tenho alma para que não fuja
e suspirosa continue

calma
por uns tempos

do tempo de antigamente
recordo a juventude
derrotada

coisa de poeta
no estio desejando seca
para virar semente

Londres, outubro de 2007/março de 2008