domingo, 1 de junho de 2008

FAULHEIT

[indolência]






não me tentam nuvens rápidas
não tentassem quem se deixasse tentar
pela doçura insidiosa dos céus
e acreditasse no tempo
clepsidra que intercepta o que resta

não a deixo medir
não a quero
intercepto o passo
retiro os reflexos
imperturbavelmente
sinto-me eterno.

Londres, maio de 2008.

SORTE




Horas sem fim esperarei o rigor
da dura sorte
torpe e áspero golpe
de quem me suprimirá a vida.

Londres, maio de de 2008.

CONSTATAÇÃO




Às vezes vem-me a nostalgia
de pensar na amargura de quem suprimiu o sonho
para viver da fantasia das notas
que não lerão os dias.

Perversa vida que faz do verso o seu reverso
na eternidade perdida
de quem esquece a purificação do entendimento.

Nada o salvará da implacável lei do universo
já não cria
recolhido a si mesmo encarcerado
agride o momento que lhe foge
monocórdio
apenas sobrevive ao tempo sucessivo
atormentado
dessa terrível armagura...

Londres, maio de 2008