sopra o vento frio
distante longo e dolente
e me abandona solitário
a me inspirar o verso
reflexo fugaz do que há no sentimento
sinto difuso o mundo
entre chamas
uma loucura sã
da angústia de compreender
depois das trevas e do vento
não me sinto aqui
lentas horas
isolado e absurdo
cinza
na tarde ensimesmada
a perceber
a tristeza inteira de um instante
à distância o pensamento reduz
uma forma de desdém
a descerrar sonhos
para tecer
um segundo plano de outono
olhos cerrados ouço o vento
que não quer parar
no escurecer
ouço o som que se alonga
atrás de sombras entre frestas
enquanto se esconde a lua
faz-se então a angústia
ansiosa e inquieta
Rio, janeiro de 2013.