encontrei um carioca na praia
finalmente
entre brancos paulistas
e louros catarinenses
era sábado à tarde do mês de janeiro
e lá estava ele inteiro
mulato maneiro
branco inzoneiro
negro para mostrar o negro
da musculatura malhada
todas as peles molhadas
espelhos de sal ao sol
como pupila de criança
descobri o carioca
neste verão do Rio
de janeiro a janeiro
sem desprezar os turistas
olhei só o encanto
de gente tão dengue
cheia de eternidade
em suas formas douradas
nesta cidade
resumo da beleza do mundo
bem amada
razão e fundo da delicia de viver
ah cariocas súmula de todo o país
criastes em Ipanema [Flamengo Irajá ou Leblon]
essa gente
diligente esperta inteligente
a conjugar o seu mar
do presente
nos tempos do verbo amar
Rio, janeiro de 2012.
esse mar que se derrama lindo
brilhante sob o sol
macio sobre a areia branca
encanta-nos sem querer
é ficção eu diria
tal beleza não existe
é só a alma que insiste
em viver no paraíso
belisco-me para saber se vivo
sinto o beliscão
e a alegria que de beleza é feita
enche-me o coração
esse é o Rio de meu bem querer
visto de Ipanema
em meio a tantas garotas
e inevitáveis "lekões"
tá-me faltando o Tom
para entoar
e o Vinicius de Moraes
[ah é demais!]
para cantar
Rio, janeiro de 2012.
não há culpa em amar
ama-se porque se ama
outra razão não há
que seria de nós se o amor pesasse
que miséria seria não o ter
falam do coração
mas não vejo o coração envolvido
percebo o inconsciente dominante
inteiramente
quanto a mim
o que sou hoje me pertence
o coração bate normalmente
após as pontes que o ligam à vida
intensamente
hemácias transportam oxigênio
um tanto de gás carbônico
sem efeitos sobre o aquecimento global
mas suficientes
para as necessidades vitais
sinto-me dono de mim mesmo
na indulgência consciente
que vem do inconsciente
para me doar o fim de vida
procurar razões quem há de?
não há razões
mas deliciosas sensações
nessa história mal contada
de amar
Rio, janeiro de 2012.