domingo, 24 de julho de 2016

LEMBRANÇA




se tudo for nada

nada seria a vida
seríamos apenas memória 
do que terá sido muito
que em outro momento
em outro tempo
igualmente vivi

fui herdeiro de um passado denso

imortal pelas memórias de outras vidas
que povoaram meus dias
e a imaginação

todos que me precederam 

me ensinaram tudo 

sou saudoso

das coisas que tive
e nem sempre guardei
mas amei
delas me lembro sempre
não como passageiras
mas pertences da alma

deles trago o que sou

tutelado de suas histórias
que contaram vidas também nossas
em terra estranha encantados

fábulas sem as quais não vivemos

contos histórias poemas
sonhados foram verdades
em cada momento presentes
sem eles estou ausente
a mim mesmo sou estrangeiro

se esta for minha hora

só peço o que hoje tenho
que é nosso
a consciência de tudo
ainda que seja nada

Rio de Janeiro, julho de 2016