quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

INÚTIL TEMPO




ah o futuro
de que vale o tempo
se nada sabemos de amanhã?

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2017

JOGADOR




pobre e desvestido
na solidão de nenhum carinho
a bola companheira
era vestígio do passado
jogado
em dribles à frente
história
de um menino sem futuro
olhar brilhante
curiosidade
a descobrir pensamentos
ter ideias
alimentar sonhos

corria recuava saltava
em cada bola um craque crescia
um vencedor anunciando gol
um contrato rubronegro
sub quinze
dezessete
titular

era a fortuna
de um olheiro
que o via sempre à frente
coxas firmes
pantorrilha
certeira pontaria de pés descalsos
cheio de areia
e um ralado na perna
de uma agressão descuidada

a chuteira foi o prêmio merecido
no torneio da rua
começo de um crescimento na grama
Flamengo meia
armador de primeira
goleador
do tiro certeiro
encobrindo o goleiro
excitação da vibrante torcida

seleção
é a glória merecida
na ignorância do passado
trabalhador de passes certos
quatro linhas

Rio de Janeiro, dezembro de 2017