segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Chronos

 


depois de amanhã

depois

o mesmo sol 

o ar 

o céu e o mesmo mar


essa a paixão

desconhecer o fim de tudo acabar


mas 

o tempo é presente 

o futuro amanhã


o passado

ainda ontem foi presente igualmente


Ah o tempo

quem domina o tempo

Chronos...


quero a paz 

de viver para amar

as pedras a areia e o mar

das tardes de verão


nem tudo a mudar

vivo o presente

do meu tempo


que o leve Chronos

estou decidido a ficar


Rio de Janeiro,  dezembro de 2024



quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

VIDA

 


viver talvez sentir
a estranheza de pensar
o coração
e abstratas ausências

sob o sol

na fúria destemperada do clima
misturam-se emoções
e descompensam o valor de desejar


não não vivi bastante
importa o que está ausente
o que de repente vem
como um suspiro leve
chega e parte
para deixar a lembrança que pouco dura
do que se foi
subitamente

Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2024.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

DO ALTO EM BAIXO

 

por longas trilhas andei

da planície ao monte incerto

na subida e na descida

um sentimento diverso

mas sem nexo


nunca ousei dizer

o que havia de medo no mais alto

e o alívio vivido cá em baixo


nas nuvens da memória pairam ecos

atrás só a suspeita

nada precisamente à vista


escondidos na memória

atos

descansam longe da lembrança

esquecem-me

para restarem ilusões


Rio de janeiro, 06 de dezembro de 2024 

domingo, 1 de dezembro de 2024

TEMPOS PASSADOS

 


Se não vem dos anos vividos
de que serve o tempo passado
calmo e deslustrado
pelo vento embalado
desassistido
em seu lento afastamento
pouca ação e sem vontade
uma falsa mocidade
renova o tédio
de viver o dia
hoje sombra da realidade
não sei viver de pesares
retomo a cada instante o que resta da memória
e descubro entristecido
que sou dela ignorado
caminho desastrado
sem luz ou Lua nesta hora
me falta sol
tal como um justo fim de tudo
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2024.

domingo, 21 de julho de 2024

DIPLOMATAS

 


nos símbolos de cada história
fundem-se vidas
e as acompanhamos como ilustrações
de um só mundo de significados
da infância à idade velha
lugares e pessoas
distinções
no repentino das mudanças
na perplexidade das crianças
e somos nós em páginas de cores
por vezes cinzas
mudando casa
trocando amigos
pensando análises
uma vida e outra
assim vivemos

Rio de Janeiro, 21 de julho de 2024

quinta-feira, 18 de julho de 2024

EU

 


hei de entender quem sou
já passado o meio
do qual me resulta eu mesmo
saudoso de um tempo remoto
quando quis o que sabia ser
e minha vida tinha consequência
um sonho em momentos vários
de saber como controlar os fatos
e buscar nos seus desdobramentos
tudo com a impressão de realizado
um objetivo de emoção segura
e o que sei no fim da aventura
é o valor do acaso
a sorte reafirmada
agora esfumaçada em impressões distantes
e esse talvez seja o resultado
a dizer quem sou ou nada
mera sensação
perfeita imprecisão

Rio de Janeiro, 18 de julho de 2024



domingo, 14 de julho de 2024

NAUFRÁGIO

 


só o mar me fascina e faz completo
na sua imensidão azul comanda todos os meus versos
sua audácia preenche minhas veias
e nesse meio
o barco a vela ou navio cheio
partem e chegam e eu pra sempre fico
a mirar o horizonte reto
espero
enquanto não me vem a morte
interromper o que já é naufrágio
desta viagem que é vida ainda

Rio de Janeiro, 14 de julho de 2024.