"Le Bateau Ivre" [Arthur Rimbaud]
sou marinheiro de um mesmo mar mas sem navio
navego águas de todas as doçuras
distâncias cores e lonjuras
nasci assim sujeito a espaço aberto
porque para mim o sonho é descoberto
ondeando à luz do sol bravio
canto a vida e o encanto de sereias
batido pelo vento atado ao mastro
obsecado da visão sobre as areias
a terra o mar o vento os astros
guiam-me o destino
no mar em que me perco em cego desatino
e isto é ser livre
só mirar céus de constelações distantes
e viver marinho o sonho de um instante
sou marinheiro o mar me chama
esse amor me inflama
na paixão de reler o "bateau ivre"
" (Ô que ma quille éclate! Ô que j'aille à la mer!"
Rio, maio de 2010