"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
domingo, 21 de fevereiro de 2016
ESPERA
a espera é tempo que não se vive
uma espécie de sonho
esperanca que cessa
o que vemos são coisas
que denominamos
mas não sabemos ver
os poetas vivem do nada
que são os nomes
dados às coisas
a espera é como coisa que não sabemos ver
tempo que passa
sem estar a pensar
o que seria a flor sem o perfume
esse mesmo que o poeta
filosoficamente sente
palavras são só a linguagem
o poeta lhes dá perfume
mas não pensa nelas
a espera é mais uma palavra
esperança um perfume
o sonho o poema
Rio, fevereiro de 2016
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
MEMÓRIA
(um improviso)
a memória é lembrança esquecida
que revejo como fotografia
em preto-e-branco pelo tempo vencida
estática a criança que vejo mora comigo
são coisas que já se foram
gente a passar como o vento
que me contam histórias
vividas e parecem mentiras
o vento é brisa
que vem leve e vai-se
porque tudo é memória
nem tudo a lembrança me traz
tão calma de se ver
nunca ouvir
o que é preciso é saber
que os que passaram e se foram
e só me fazem pensar
de onde vieram
por que
para onde foram
nem tudo é vida
mas tudo é memória
lembrança
que aos poetas
parece poesia
Rio, fevereiro de 2016
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