domingo, 29 de agosto de 2010

UIVOS






regresso ao dia e vivo a alegria
de sentir-te presente como chuva
que umedece o seco de meus dias

estás aqui no verso e no anverso
de tudo que escrevo e do que penso
neste inesgotável universo

como tudo que nele se contém
ventos e auroras boreais
o equilíbrio ainda se mantém

palavras decifradas uma a uma
tremem luzem choram esplodem
como lamento de lobos sob a lua

o que espero das forças que se batem
flutuando no limite de meu corpo
já nem sei espero que se atem

há tanta coisa que não sabes
desta chuva de gotas orvalhadas
e muito mais entre bens e alguns males

por um momento fazes-me viver
não estou só parece dia
nos teus chamados pronto a reviver

olha os rios que descem ribanceiras
são mesmo rio em águas diferentes
sou eu que fico no molde das pedreiras

Rio, agosto de 2010



sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O SONHO DAS AVES





não há mais tempo para segredos
diante da fúria dos sonhos
e o sol do silêncio não nos aquece

nenhuma frase deve ser dita
perderam o sentido original
e vem o cansaço

meu corpo desgasta a alma
quando tudo que eu acreditava
é pouco ou quase nada

tivemos o momento e não o soubemos perceber
quando passava
e todas as idéias pareciam verdades

e no entanto sinto a aragem da esperança
na racionalidade dos fatos
e nas coisas que ainda são crianças

o passado é inútil se o abandonamos
à vil memória dos erros e enganos
mas ainda há tempo no presente

como ventos que se entrecruzam
produzimos tempestades
mas o dia nasce avassaladoramente

é possível regressar à claridade
mas há pedras no caminho
enquanto tento recuperar o sonho

estamos ambos inteiros
mas nos falta a mesma verdade
e o dia é lealdade

volto a meu espaço meço os caminhos
para avançar sozinho
se não conseguirmos sonhar novamente

fico com as aves

Rio, agosto de 2010





domingo, 22 de agosto de 2010

SONHO E DESEJOS




a um amigo jovem


sonho um sonho e não sou eu
que dele faço a verdade
de quem o sonha em realidade
e nem por isso será meu

marco o passo cadencio
indico o espaço
jamais escasso em seu caminho
não me omito e nem de longe silencio

tomo em mãos os seus desejos
dou-lhes forma e sentimento
para que tenham ética e pejo

mas amo o sonho e o entendimento
do que sei e do que vejo
ser dele fiel contentamento

Rio, agosto de 2010



domingo, 8 de agosto de 2010

SONETO DO AMOR QUE SE DESEJA







não quero outro amor nenhum desejo
de outro que já tenho
o temível amor de muitas curas
comigo neste amor de lágrimas e pejo

não não quero nem aquele
que se diz em nome tão contente
para derrota final como impotente
rompendo a natureza em curso irreverente

assim é assim foi assim será
o vício que no mundo se castiga
duramente no opróbio sem repouso

quero o amor difícil e poderoso
aquele que sutil já me fustiga
e diz seguro sou eu quem amarás

Rio, agosto de 2010




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SAUDADE




saudade é sempre saudade
muito da ausência física
mas saudade
também de outros tempos
de ontem e de amanhã
hoje
do futuro que não terei
saudade sempre é saudade

presença de toda ausência
das palavras percebidas
de idéias perdidas
do silêncio pressentido
do desejo incerto
e
progressivamente
da luminosidade da vida

saudade será sempre do amor ausente
do nascer reconfortante do sol
do sono bom sob a lua
do amor presente
na vida que se esvai
saudade
o rastro breve da angústia
do futuro que imaginei
sempre saudade sempre
saudade


Rio, agosto de 2010.





domingo, 1 de agosto de 2010

VAGAPROSA






Procurem [www.vagaprosa.blogspot.com], o meu blog de textos improvisados diversos!
Há ali de tudo, quase sem censura...