domingo, 24 de setembro de 2017

ABISMO



o que dói não é a narrativa
é o abismo 

nenhuma esperança é sonho
quando falece a realidade

por espaços sucumbe a vã percepção
do tempo que se volta para trás
na noite irracional
que não espera o por do sol

o Rio chora sem pranto
o que sabe e não vê
puro abandono 

em meio ao deserto que se atreve entre homens
não há chão
mas solidão
enquanto me perco ao escrever esta canção

Rio de Janeiro, setembro de 2017