sábado, 17 de abril de 2021

FIM DO CAMINHO

 


não fora da razão
trago a memória no coração
dos meses dias e anos
da construção
de uma ideia de ser

e quando é noite
tudo parece transitório
sujeito de paixão

o tempo é quadro da história
que lembrar machuca a cada hora
de pensar só pensar
no que pode não ser
neste final
se ainda demora

saudade do que não pude ser
tristeza de perecer
e não o fazer

Rio da pandemia, 17 de abril de 2021

terça-feira, 6 de abril de 2021

SORTE

 


o que não se revela

esconde a ilusão e o sentimento


como fato invade a alma

sorrateira descoberta


não o sei dizer em palavras

traem juramentos


nada posso contra consequências

da revelação fora do tempo


como a sorte não escolhemos

os caminhos que tomamos


sorte 

vista por dentro

inesperada

oprime e desampara


Rio da pandemia, abril de 2021.

 

  

segunda-feira, 5 de abril de 2021

FIM E RECOMEÇO

 

Já o outono chega  

e a manhã desponta ilusionista

não há neve nem as folhas caídas

ainda

assim é o que sinto

no ato simples e diário

de esperar o sonho

não o "cárcere do universo" (1)


como sonhos são sonhos diferentes

um de vida como anteontem

outro de perda no fundo do infinito


nesses momentos surge em mim o homem

a contemplar o o amarelo virtual e o branco de ideias

inglórias como folhas caídas

e o nada da vida


diante do inevitável ocaso 

resumo o pensamento ao sentimento

e vivo intensamente

o que sinto


Rio, abril de 2021, tempo de pandemia e solidão

(1)Jorge Luis Borges