domingo, 3 de julho de 2011

ASSÉDIO IMPRÓPRIO





por que ainda não Te revelastes
deixando à sombra instinto e intuição?
tens a soberba de saber todos os caminhos
ou tens os caminhos a Tua disposição?


não importa qualquer resposta que me dês
mas o que vejo em Ti
sem que Te reveles
se não são respostas indicações serão


ilimitada é Tua força
inefável presença
indesejável
mas há limites no que sou


é desigual
como futuro e eternidade
o tempo que não medes
e aquele que me dás


escrevo como quem fala
mas canto e-xas-pe-ra-da-men-te
que morrer será viver


será?


a visão das coisas alcançáveis
difere da intuição que não alcanço
talvez
talvez me falte o tempo
que Te sobra


quem Te mandou fazer essa visita
enganou-se
o endereço é outro
outra a Tua lida


nada perdi tudo vivi
mal começa o novo tempo
na janela que abri


no que vivo há de tudo
desde o mar infindo que me cerca
ao amar finito do que sinto
coração valente
só porque em sombras te cobriram
meu entendimento e consciência se abriram


mas não falo ao coração nem canto


vento que conduz meu pensamento
acorda-me
para que resista a quem me ameaça
a liberdade de existir
para sentir a vida cá na terra
e amar o amor que ainda tenho


quanto a Ti
anda 
continua Tua ceifa
há multidões a Teu dispor
deixa-me
quero o tempo de gozar o amor 
os meus iguais
o ar puro
o mar infindo
a terra próspera
a natureza
e o tempo que além brilha




Rio, julho de 2011





QUERER BEM









estou aprendendo a deixar-me ser eu mesmo
o humano amor respeito entendimento
e a paz de espírito com a experiência do mundo


curso o caminho que leva a toda parte
mas escolho a companhia
e decido a cada passo meu destino
sempre seguido da Esperança


amo gente e vivo personalidades não ilusórias
voltadas para o real e a luz serena
do amor que acontece rebelde às formas
surpreendente


nao nutro minha vida de disputas
contento-me em ser quem sou
sem títulos sem passado mas experiente
a ensinar a quem pouco sabe
e tem a angústia de crescer
o nada que aprendi




passa por mim o vento
leve brisa às vezes que dá vida
ao vôo longo e ao inefável eco
dos fatos que vivi


deles me liberto mas espalho o sêmem do saber
cuja caridade é infinita
e a gente desprovida ansiosa de o ter


busco o eterno que hei de encontrar em vida
nas linhas e entrelinhas cá da terra
um dia partirei sem dizer nada
ficarão palavras de fé na gente simples
e a lembrança de um velho amante
do que lhes faltava
do que era premente


alguns maliciosos pensarão
ter explorado o velho
mal sabem saberão
que a vida entrou-lhes sem pedir licença
e seus gestos e falas transformaram


serei feliz de ser lembrado
difusamente
como alguém que te quis bem


Rio, julho de 2011.