"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
domingo, 3 de julho de 2011
ASSÉDIO IMPRÓPRIO
por que ainda não Te revelastes
deixando à sombra instinto e intuição?
tens a soberba de saber todos os caminhos
ou tens os caminhos a Tua disposição?
não importa qualquer resposta que me dês
mas o que vejo em Ti
sem que Te reveles
se não são respostas indicações serão
ilimitada é Tua força
inefável presença
indesejável
mas há limites no que sou
é desigual
como futuro e eternidade
o tempo que não medes
e aquele que me dás
escrevo como quem fala
mas canto e-xas-pe-ra-da-men-te
que morrer será viver
será?
a visão das coisas alcançáveis
difere da intuição que não alcanço
talvez
talvez me falte o tempo
que Te sobra
quem Te mandou fazer essa visita
enganou-se
o endereço é outro
outra a Tua lida
nada perdi tudo vivi
mal começa o novo tempo
na janela que abri
no que vivo há de tudo
desde o mar infindo que me cerca
ao amar finito do que sinto
coração valente
só porque em sombras te cobriram
meu entendimento e consciência se abriram
mas não falo ao coração nem canto
vento que conduz meu pensamento
acorda-me
para que resista a quem me ameaça
a liberdade de existir
para sentir a vida cá na terra
e amar o amor que ainda tenho
quanto a Ti
anda
continua Tua ceifa
há multidões a Teu dispor
deixa-me
quero o tempo de gozar o amor
os meus iguais
o ar puro
o mar infindo
a terra próspera
a natureza
e o tempo que além brilha
Rio, julho de 2011
QUERER BEM
estou aprendendo a deixar-me ser eu mesmo
o humano amor respeito entendimento
e a paz de espírito com a experiência do mundo
curso o caminho que leva a toda parte
mas escolho a companhia
e decido a cada passo meu destino
sempre seguido da Esperança
amo gente e vivo personalidades não ilusórias
voltadas para o real e a luz serena
do amor que acontece rebelde às formas
surpreendente
nao nutro minha vida de disputas
contento-me em ser quem sou
sem títulos sem passado mas experiente
a ensinar a quem pouco sabe
e tem a angústia de crescer
o nada que aprendi
passa por mim o vento
leve brisa às vezes que dá vida
ao vôo longo e ao inefável eco
dos fatos que vivi
deles me liberto mas espalho o sêmem do saber
cuja caridade é infinita
e a gente desprovida ansiosa de o ter
busco o eterno que hei de encontrar em vida
nas linhas e entrelinhas cá da terra
um dia partirei sem dizer nada
ficarão palavras de fé na gente simples
e a lembrança de um velho amante
do que lhes faltava
do que era premente
alguns maliciosos pensarão
ter explorado o velho
mal sabem saberão
que a vida entrou-lhes sem pedir licença
e seus gestos e falas transformaram
serei feliz de ser lembrado
difusamente
como alguém que te quis bem
Rio, julho de 2011.
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