sábado, 25 de janeiro de 2014

SER PEDRA


estava eu descuidado como uma pedra

alheado
seco árido e uma fonte ao lado
murmurava

é uma emoção estranha

externa 
é como
diante do espelho frio
a imagem
que nada sente
nem como bem nem como mal

a pedra está lá

quieta
nunca se moverá

a imagem no espelho

alguém será
mas alheada e árida
(tanto quanto a pedra)

fonte  e ser (da imagem o espelho)
pedra e espelho
todos têm razão

parte da emoção é a vida
mas a imagem não sente o ser que reflete
não vive

sei que a pedra ficará

e o ser do espelho voará
para um lugar
onde nenhuma asa o levará

Rio, janeiro de 2014



CHUVA



a chuva encharca as ruas 
inunda as baixas
corre a água em direção ao mar
venta

o sol há muito se foi sob nuvens 
que encobriram à noite o luar
é torrencial

o mar assusta a gente erguendo ondas descomunais
"de iras e de ais"
chuva nos trópicos
tópicos de todos os jornais

onde tudo começa
onde tudo termina
no lapso suspenso do tempo
onde

mas que importa se tudo volta ao normal
como sol e a lua em céus de diferentes azuis
nem mais vento
brisa

assim meu pensamento


Rio, janeiro de 2014.