a solidão do silêncio aguarda o fim
severo no infinito de todas as coisas finitas
que desaparecem num cerrar de olhos
e desacreditam o próprio conhecimento
onde quer que estejamos morremos
no silêncio ruidoso do sono
e dos tormentos do inconsciente
ocultos no abismo do pensamento
e se a noite escura de um escuro céu
esconde provisoriamente os pecados
relembro-os dolorosamente
confrontado com o inesperado vazio
da solidão e do silêncio em que nada me consola
no desequilíbrio que é só meu
enquanto tudo se move e me isola
no "infinito íntimo"(*) do que sou eu
Rio de Janeiro, março de 2017
(*) Murilo Mendes