sábado, 18 de março de 2017

"INFINITO ÍNTIMO"(*)




a solidão do silêncio aguarda o fim
severo no infinito de todas as coisas finitas
que desaparecem num cerrar de olhos
e desacreditam o próprio conhecimento

onde quer que estejamos morremos
no silêncio ruidoso do sono
e dos tormentos do inconsciente
ocultos no abismo do pensamento

e se a noite escura de um escuro céu
esconde provisoriamente os pecados
relembro-os dolorosamente 
confrontado com o inesperado vazio
da solidão e do silêncio em que nada me consola 
no desequilíbrio que é só meu
enquanto tudo se move e me isola 
no "infinito íntimo"(*) do que sou eu

Rio de Janeiro, março de 2017

(*) Murilo Mendes

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