não há mais tempo para segredos
diante da fúria dos sonhos
e o sol do silêncio não nos aquece
nenhuma frase deve ser dita
perderam o sentido original
e vem o cansaço
meu corpo desgasta a alma
quando tudo que eu acreditava
é pouco ou quase nada
tivemos o momento e não o soubemos perceber
quando passava
e todas as idéias pareciam verdades
e no entanto sinto a aragem da esperança
na racionalidade dos fatos
e nas coisas que ainda são crianças
o passado é inútil se o abandonamos
à vil memória dos erros e enganos
mas ainda há tempo no presente
como ventos que se entrecruzam
produzimos tempestades
mas o dia nasce avassaladoramente
é possível regressar à claridade
mas há pedras no caminho
enquanto tento recuperar o sonho
estamos ambos inteiros
mas nos falta a mesma verdade
e o dia é lealdade
volto a meu espaço meço os caminhos
para avançar sozinho
se não conseguirmos sonhar novamente
fico com as aves
Rio, agosto de 2010