alguma coisa aconteceu
o meu barco está sem rumo
as estrelas do céu não me ajudam a navegar
o oceano bate impiedoso
há pedras à frente talvez terra
e um cais onde ancorar
cabe tentar
não naveguei a vida toda
para receber a morte
assim de maneira imprevista
o oceano é largo
mas a batida do mar forte
é ameaça antes do cais
vou vendo o que o mar me reserva
traiçoeiro por vezes
imprevisível ele é
preciso medir as ondas para não me deixar enganar
o tempo é a grande medida
inevitável é a morte
de que não se pode escapar
mas se a pedra rija
e o mar impetuoso
não insistirem teimosos
a quilha talvez intacta
talvez talvez talvez
ainda possa aportar
Rio, 13 de março de 2012.