"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
domingo, 25 de dezembro de 2016
O TEMPO
é azul o mar que vejo da janela
reina a paz em suas ondas preguiçosas
na indecisão de seu silêncio
uma doçura inquieta em minha vida incerta
escuta-lhe o sussurro manso
supersticioso a trair os meus segredos
indiferente à inquietude do presente
é outro o azul do céu de gaivotas brancas
onde habitam deuses
promovendo cultos e orações em nosso peito
nas quais palpita o impreciso do futuro
e vive alerta o aceso da esperança
falta pouco sinto o tempo
a esgotar a seiva que circula dissonante
no bater de um ritmo hesitante
a soprar o vento
foi-se a juventude bela
soprada pela brisa constante e insistente
esqueço a cada instante a alegria dela
é um novo tempo que não canto
por ser velho e cinza o desencanto
soa forte cada dia o presságio de outros tempos
armadilha da ilusão
que é a vida
Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2016
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