sábado, 9 de abril de 2016

OFÍCIO DO VERSO



talvez amanhã o sol se faça
e eu comece a pensar versos
diante do mar aberto
logo ali debaixo de minha janela

embora outono
sempre os domingos
têm um ar de verão
e aquilo que eu veja
nem seja o sol
mas o pasmo essencial

e sentado aqui escrevendo
que ideias dirão as palavras
não me perguntes
que pensando em tudo isso
versos virão como ondas

nesse ofício dos versos
não importa a estação
é como ser não sendo
ardência do coração

não importa o que escrevo
é tudo simples e chão
entre o sol e o pasmo
diferença não há
tudo é igual

o que lês é diverso
nem sempre simplicidade
algumas vezes é barco
outras é triste
demência da solidão

Rio de Janeiro, abril de 2016




ESPANTO




pasmo diante do inusitado
mesmo à sombra do passado
mesmo entorpecido pelos fatos
perplexo diante do banditismo
dos traficantes do asfalto
dos assaltantes nas praias
dos governantes petistas
sem ignorar os fascistas
e alguns meritíssimos Ministros
enquanto a história
como farsa
nos espanta cada dia 

Rio, abril de 2016