voa pensamento vai
tens ainda que sonhar
como um notânbulo que acordasse
para viver o tempo que lhe falta
voa livre sente o vento
navega a vida
sonha o sonho que vivestes
deixa invisíveis escolhos no caminho
voa vence o tempo e a vida decadente
nisso que afinal é um regresso [1]
a um futuro imaginado
vai e vence o imperfeito do progresso
enche-te de esperança
entende claramente quem te cerca
podes ainda inflamar muitos amores [2]
podes tudo no ideal sonhado
fiel a ti e à tua estrada
sonha que outrora inda é agora
Rio, setembro de 2012.
[1] Fernando Pessoa , a Sá Carneiro
[2] Álvares de Azevedo, Lira dos Vinte Anos