o instante salta pela janela
como a sorte busca o abismo
inércia do que se tem
fugitivo
do impulso restam coisas
como o vento frio
que sopra sobre as árvores
sob a janela
nem sorte nem instante
senão a paz imperfeita da insatisfação
derramada nesta folha em branco
talvez um poema
Rio, agosto de 2013.
nada trago comigo
nem lembranças nem medidas do tempo
fantasias uma
passageiro outro
e assim toco
inciente
no menor conheço o fato
sentido
captado com interrupções
em meio a amores
ou sem amores
sem paixões
máximo do gozo
no mínimo de tempo
o tempo passa
não o contenho
o gozo é átimo
do passado nem lembrança
vale o instante consciente
dirão que têm memória
do que desacredito
a memória tende ao sonho
revela-se em lembranças soltas
inconscientes
mas há gozo sem paixão
orgasmo sem amor
sem o momento de excitação
- perguntarão
não penso em lembrar-me
- respondo
o instante foi consumido
curto o gozo
a memória se desfez
lembrança é difusa
o tempo tudo desfaz
resta o instante
Rio, agosto de 2013.