domingo, 25 de agosto de 2013

UM POEMA



o instante salta pela janela
como a sorte busca o abismo
inércia do que se tem
fugitivo

do impulso restam coisas
como o vento frio
que sopra sobre as árvores
sob a janela

nem sorte nem instante
senão a paz imperfeita da insatisfação
derramada nesta folha em branco
talvez um poema

Rio, agosto de 2013.




O INSTANTE



nada trago comigo

nem lembranças nem medidas do tempo
fantasias uma 
passageiro outro
e assim toco
inciente

no menor conheço o fato

sentido 
captado com interrupções
em meio a amores 
ou sem amores
sem paixões

máximo do gozo
no mínimo de tempo

o tempo passa

não o contenho
o gozo é átimo

do passado nem lembrança 

vale o instante consciente 

dirão que têm memória

do que desacredito
a memória tende ao sonho
revela-se em lembranças soltas
inconscientes

mas há gozo sem paixão

orgasmo sem amor
sem o momento de excitação
- perguntarão

não penso em lembrar-me

- respondo

o instante foi consumido

curto o gozo
a memória se desfez
lembrança é difusa

o tempo tudo desfaz  

resta o instante


Rio, agosto de 2013.