quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A DERIVA



as vezes sou água
outras sou vento
barco e vela

na proa uma ideia
um horizonte infinito

que será de mim?

o vento sopra 
ideias assim

a quilha aproa pra leste
oceano sem fim
a popa rompe a inércia
barco contido

a água desfaz a razão
e gira a boreste sem mim
água e vento a bombordo

o céu azul é água
a sobra sou eu
pra onde não sei


Rio de Janeiro, fevereiro de 2017

(www.poemasinconjuntos.com.br)

O PAIS É MAIOR






representantes do povo
laranjas doleiros cambistas
 acidez não desejável
é como me entristece atuar
poeticamente
em meio à agonia dos que prevaricam  
legislatura caduca

o côncavo e o convexo se fecham
in - sensíveis neste pais
onde entre pecado e pecado
os crimes custam a vingar
como delitos 

democracia liberal ou popular pouco importa
se o pais prosperar para dar
paz e sossego aos que querem votar
sem se deixar ludibriar

talvez fosse o caso de nos queixarmos ao bispo
que ao presidente e muitos asseclas
só lhes resta esperar
o Lava-Jato vai-lhes pegar  

o dia chegará que os ímpios da Justiça
se dobrarão à vontade  
desse povo que sofre
indomável
que não têm o o que comer

acorda Brasil
é hora de resistir
é tempo de reagir
para ensinar esses crápulas
que o país é maior.

Rio de Janeiro, fevereiro de 2017

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DI - VAGAR II



tem sido vivida às vezes aos tropeções
mas certamente vivida em todas as suas riquezas
que das pobrezas só lembro as do espírito
e não me fazem mossa na lembrança

já no fim prossigo
tão sensível é viver assim
para ao fim da picada
como um rio
desbordar no mar

não foi de monotonias
navegar o mundo
tocar aqui e alhures
as gentes do lugar

um prêmio certamente foi errar
entre o Louvre e a Place Pigalle
passando pelo Marais
medalha para o Trianon
e para a Piazza de minha paixão
eternamente lá para contar
histórias de navegar
tendo como pano de fundo
o Pamphili 
casa de meu país
para epilogar

Rio de Janeiro, fevereiro de 2017

(www.poemasinconjuntos.com.br)  

DI - VAGAR



ah o amor cantar o amor
cantarei certamente o dissabor
de sonhar que amei
e ao amar amei quem não me amou
sonhar sonhei o mistério
incompreendido mistério de não saber
o sofrimento de amar

amar sem perceber o sem sentido
de nada ter por objeto
abjeto amor do compromisso
livre melhor selaria o in - finito
e não feriria sentimento tão bonito

ah cantar o amor sem dor
será que vivo e sobrevivo
à ilusão de viver
sentir e vegetar?

mas canto sim por quem amei
dei-me entreguei-me 
ao gozo feliz de existir

amador do corpo nu sorei
esperma do que se vive
do que se nasce 
magia foi assim 
possível vício
a naufragar em óvulos diários
e conviver e conceber
suave vicejar 
bebês e choramingos 
lindos

infância juventude tardia adolescência
sem fim por toda vida
assim como gerar o amor
e atracar ao fim o porto
e mirar atrás a obra por que me aprofundei

ah cantar o amor é indolor
combinar palavras vazias de sentido
na madrugada errante
tão fácil dizer aos banidos desta vida
que se amam as flores do jardim
e é a vida

Rio de Janeiro, fevereiro de 2017

(www.poemasinconjuntos.com.br)