sexta-feira, 13 de novembro de 2009

POEMETOS EM PEDAÇOS







I

o barco navega silenciosamente
a sua vela
e se encaminha rotineiramente
ao velho porto

II

a alma silenciosa
flutua sobranceira
e o abismo prenuncia

III

vagas ondas mansas vagam
e o mar suave se espraia
grisalho sobre a areia

IV

ao sol de verão
febril
a branca areia ferve

V

ecôa o sombrio o aviso de um navio
sua carga são lembranças vivas
que ansioso espero


Rio de Janeiro, novembro de 2009








SUGESTÕES OUTONAIS



I

a floração ainda não dera frutos
mas amei perdidamente
o perfume das flores

II

será o outono
a véspera do inverno
ou meu tempo de viver?

III

sob o vento hibernal
acarinho religiosamente
as folhas do outono

IV

em campo aberto
vivo a nostalgia de estar só

V

o mar diante de mim
ondula preguiçosamente seu vai-e-vem


Rio, novembro de 2009


O PÁSSARO FERIDO





sonhei e
entretanto não me lembro
o dia nem tão longínquo
em que tudo aconteceu

sinto ainda à distância o rumor dos passos
e uma canção
sopra em folhas mortas
a melodia da esperança

e porque essa canção?
por que são os passos jovens
do futuro que espero
em pleno outono

sonhei que sonhava e acreditei
no pássaro ferido
que me feriu

um breve sonho e acordei
em meio ao sonho
que ainda vivo.


Rio, novembro de 2009



MOTE DA MUDANÇA







tudo muda tudo se transforma
mote permanente da poesia
quanta alegria em tristeza forma
um jardim sem flores
secos de amores

inclemente sol nuvem fugidia
antes azul o céu prepara a noite
e o homem passa no que já sabia
seu destino rude sob vil açoite

não perdôa o tempo
a alegria vã
e promete o sono
e o silêncio frio

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2009 [sexta-feira]