hoje ao por do sol vi Ipanema
com olhos de amante onde tu és tudo
sobre o dourado prata de mar
na beleza e alegria de amar
ondas brancas derramavam-se n'areia
e a ti chamei amor
quando o belo é teu
e tu meu céu
por ti me iludi em tempos idos
e desse amor vivi
a paixão de existir
por ti passarei à eternidade
essa mesma ao cair a tarde
que me leva a meditar e te sentir
Rio, fevereiro de 2012.
talvez numa tarde de sol
encontre-me com minha sombra
por sobre mim ao meio-dia
talvez reconcilie amor e vida
no calor desse dia
se eu fosse como desejaria ser
minha sombra fantasma de mim
colaria em uma peça o transcendente e o presente
para que a lucidez tomasse conta enfim
do que sinto e do que penso
nasci para viver intensamente o instante
aquele que não se pode fantasiar
que existe como o destino
onde as escolhas foram aleatórias
mas a ele cheguei
observo-me nesse átimo
como quem é capaz de segurar a centelha
daquela reconciliação entre o concreto e o aparente
da sombra que se ocuparia de mim
sol a pino cortando ao meio o dia
sombra centelha átimo
um momento de vida
no concreto prodigioso
do que sinto e do que penso
finalmente livres no que hoje sou
Rio fevereiro de 2012.