domingo, 18 de maio de 2008

E-MAIL


a alguém que sentiu minha poesia

Para quem acabo de descobrir para sempre
meu segredo caminha para onde moram os sonhos
e os sonhos aonde terei paz
no que hei de ser
sob a tutela do coração que me cura a alma
o entendimento que me confessa jovem
mais oculto do que mesmo sou.

Londres, 18 de maio de 2008

BRANCO




a nostalgia das folhas que decaem douradas
sob o silêncio e o vento frio
traz o branco

vem a saudade dos anos que se perdem
nas cores mutantes
de instantes que já foram vida


Londres, novembro de 2007.

LUZ DO MUNDO




Se aqui de Londres a razão me serve para esfriar a emoção
e deixar de ser densa alegria
o mundo torna-se sonho do que está em volta
inteiro acima da verdade
na memória sumarento a extrair luz e calor do pouco sol.

Londres, um domingo de março de 2008.


FERNANDO PESSOA



não ha quem não se debruce à janela para admirar os últimos raios do sol
já vermelhos contra o jogo de sombra e luz que reaparecerá em sonho
atravessado pelo segredo deste verso
não ha barreiras nem da ilusão a perturbar-me o olhar
o corpo regressa embebido de vida ao ofício do mundo
consciente de Ser no universo.

Londres metafísica, maio de 2008.

RENASCIMENTO




Esperei o poente para entender crepúsculo, não a escuridão
mas momento em que a luz deixou de ofuscar
para ser mistério de compreender a eucaristia
de meu corpo e sangue como vida

não abdiquei da luz mas a mudei de lugar intimamente
para fazê-la o limiar de outro nascer.

Londres, maio de 2008.