sexta-feira, 26 de julho de 2019

PALAVRAS SOLTAS





eu nunca sei
se o que escrevo
foi o que pensei

nem mesmo leio

não explicarei
o que sinto
neste desterro indevido
de sobreviver em mim mesmo

quem somos
logo
não seremos mais

estar só é uma percepção
nevoenta

tudo foi fátuo
no erro de gostar do que não tinha
hoje apenas memória sonolenta

sem jamais ter sido
o que procurei
encontrei
o indefinível de existir

o Poeta diz
"comigo fui sem ver nem recordar" (FPessoa)

Rio de Janeiro, julho de 2018

quarta-feira, 10 de julho de 2019

ESPERANÇA




não me consome o tempo
mas avisa por vezes que existe
e imperceptível o instante
passa

não reconheço o fim
que tudo estranho não comove
sei que não tarda
e assim fico nesta grade estreita
a aguardar a hora

esvai-se a segurança com o vento
socorre-me a esperança
incansável sentimento
que ultrapassa o automático momento

Rio de Janeiro, julho de 2019.