desfolhei cada palavra do enigma da incompreensão
e não entendi a vida
mas canto enquanto a tenho comigo
e não estou alheio a cada gesto em todos que compõem meu universo
diante de palavras amo as belas
sopro as raras para que não fiquem
e sonho que meu canto um dia ecôe
o rumor do humano
tocado pelo sopro do que não vejo além
temo a pessoalidade míope do que sinto
em notas dissonantes que buscam concordância
entre o sonho e o real
e dói-me a dúvida de sobrevivendo embora
tudo não passe de um vício
e o encanto dessa música que para mim é tudo cesse
aqui mesmo depois do ponto final
Rio, setembro de 2010