impromptus
em conversa com o poeta Fausi Kalaoum
está em mim o labirinto
nem o de Borges não o de Pessoa
mas o que me desafia
dele perdi de vista a entrada
sem ver saída
disperso no descaminho
entre inferno e paraíso
pertenço àquele gênero de homens que não são
nunca foram nem serão
do que é porque não quer mudar
nem alma tenho
sou presa da fuga do prazer
uma espécie de febre que me queima as entranhas
deixando vazio o arcabouço
calabouço da alma que teima em não partir
parece sinfonia de Beethoven na surdez
mas é melodia que suave desiste de soar
gozo que emociona
na ilusão de pensar
vivo a incoerência da alegria
porque me mato cada dia
a sonhar com o amor e o prazer
e pensar
em meio à culpa de ser velho e me perder
Rio, maio de 2012.