domingo, 30 de agosto de 2009

SOLIDÃO








o pensamento sonolento
estremece a gaivota
e o mar cinzento a consome

não sei onde cheguei
estou sentado em duro banco de pedra

olhos sobre ondas revoltas
tão diferentes das de ontem mansas
acariciando peles morenas

este é um dia quase sem memória
onde tudo se repete
e o teatro marinho acrescenta solidão
em palavras
pronunciadas entre lábios fechados
sem melodia

o vento age e traz o medo
do que está por vir
viverei sem me ferir?


Rio de Janeiro, setembro de 2009




sábado, 29 de agosto de 2009

VOCES







sin pensar vuelan
palabras sueltas
por todas las ventanas
y puertas de no cerrar
que decir del castellano
lengua noble de Castilla
tanto tiene a decir
en poemas de amor
en épicos de la gesta humana
pero estes aqui
nada dicen nada sienten
hablan para oír
el sonido de su voz


Roma, FAO..................2005




CORAZÓN LIGERO






Mientras estás asi
con la cabeza pendida
amé tu juventud pasajera
fuiste como un velo de luz
entre el cielo y la tierra
el angel que todos queremos
el corazón fugitivo
todas las leyendas de amor
eco de vozes huecas
hondas en mi alma oídas


Roma, febrero de 2005




sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SUEÑO






el cielo ceniciento
és luz en gran silencio
pensamientos casi muertos
mueven el tiempo
anoche quito el sueño
para vivir la realidad
que despliega y flota
sobre la verdad


Roma, FAO..............noviembre de 2004


TEDIO HISPANO








Todos perdieran la ruta
no saben la dirección
desconocen nord y sur
y agitam sus manos
impacientes
entre oriente y occidente

no creo en absoluta soledad
pero en tedio de la memoria
en campo abierto

pasado el rio que no estanca
y las aguas que jamás se reconocen
mi sendero no és raro

hasta la vista señores
me voy sin despedirme
no me acompañen
nos quedaremos aqui


Roma, FAO.......noviembre de 2004




UN HABLAR INÚTIL







Que importa la suerte
para nuevos dias?
Que me dice el sueño
de un Dios castellano?
Politeista que soy
inútil hablar de dioses
en este salón sin alma...


GRULAC, Roma junio de 2004






UNA HERMOSA DELEGADA








Yo nunca supe cantar
mis deseos secretos
fantasmas de mi mismo
tristes cantos viejos

tampoco nuevos amores
dulces de recordar
leyendas y cariños
fuentes en el desierto


bajo claras sombras
quedase mi sueño
cuando oigo tu voz
en este salón polvoriento...


Sesión del Consejo, Roma junio de 2004




quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NACIONES


nadie lleva a nadie su saber

ni la herida pasa

ni pasa la puerta el conocer

cien cuentos de amor

entre cruces y muertos


el desarrollo no sucede

entre pasillos de naciones des unidas


senderos de sombras

de todas las palabras sin fuerza

desprovistas de razón

hijas del hombre

que no se reconoce

en los huesos

de un sueño hueco

Sesión del Consejo Ejecutivo, junio de 2003




terça-feira, 25 de agosto de 2009

LERO-LERO








com palavras e beijos
quero dizer-te
o que os versos não dizem
- amor -
- te quero -
- vem -
beijos mil beijos mil

mas se ao contrário digo
- não te quero -
sei que brigarás comigo
e não é isso que quero
pois é tudo lero-lero


Rio de Janeiro, agosto de 2009





NOTURNO









no mar de minha janela
navega a hesitação
tu não estás comigo
machuca-me o coração

sou triste sou taciturno
nesse esconder-me de mim
e o barco singra noturno
hesita por ser assim

Rio de Janeiro, agosto de 2009





O SILÊNCIO DOS VERSOS








a arquitetura dos versos conduz-me
a escrever pensando em ti
queria falar contigo
mas a estrutura me contem
sou escravo da forma
vinculo-me à palavra
e meu denso sentimento
fica invisível entre as linhas
atrás de cada palavra
perdido na concretagem
da perversa regra dos cálculos

sobem fácil as paredes
fantasiam-se janelas
por entre as colunas hesitam
o que desejo dizer
e muito do meu sentir
o edifício está quase pronto
a pintura vem branco-nuvem
as paredes em verde claro
os tetos céu em azul

mas estou enclausurado
entre pisos e paredes
e não encontro abertura
para trazer-te p'ra mim
ou exasperado sair
desse conjunto concreto
de dores cores e amores
do arquiteto calado
por não poder tudo dizer

Rio de Janeiro, agosto de 2009






segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SONHO






um amor idealizado é sonho
acontece entre a chuva e o sol
como cheiro fresco de terra
onde plantar e florir

entre sonho e fantasia
lágrimas de alegria
revivendo cada dia
o perfume adoça o sentir

se nos aparta o tempo
se nos afasta o real
aproximam-nos dóceis flores
que não nos deixam mentir

imaginado desejado sonhado
sonho no anoitecer
fantasia o amanhecer

a estrada é sinuosa
corre entre pedras e flores
ainda por conhecer


Rio de Janeiro, agosto de 2009




domingo, 23 de agosto de 2009

MAR AMAR







o mar que vejo da janela separa-me
de tudo que há do outro lado e dos barcos
que navegando se vão

uns que vem não me chegam
os que ficam estão vazios
quase nada me dão

o mar da minha janela é macio
derrama-se em longas vagas
assim como este cantar

longo é o mar curta a vida
nem tormento nem tormenta
ele me afaga e me guarda
quando me ponho a sonhar

o mar é bem minha vida
exausta e querida

canto o mar
sei que ouço seu cantar
e bem dentro de mim
escondo todo penar

amo
adoro esse mar
que me ensinou a amar


Rio de Janeiro, agosto de 2009



COMPASSO






tocando no meu compasso
vou vivendo
vou vivendo
cioso de meu espaço
vou ficando
vou demarcando
teimoso no meu passo
vou andando
vou correndo
contente com o abraço
vou amassando
vou apertando
cansado desse cangaço
vou descansando
vou-me deixando

aposento-me do que faço
que alegria
que nostalgia

e terei no meu regaço
duas faceiras menininhas
que só as duas são minhas!

[Alice e Ana Luiza netas minhas metas]


Rio de Janeiro, agosto de 2009




ODISSÉIA NO ESPAÇO - 2001









MEU DECÁLOGO

I


penso por exclusão

em paralelo

do que sou

convergente

em linhas divergentes

destemido

mas hesitante

insistente

reconhecido

desconhecido

incongruente

e quem sabe já vencido


nada do que procuro acho

nem nada nem ninguém

II

não penso

pra que inteligência

só p'ra ser

o que não sou?

III

no vazio

talvez me encontrasse

perdido nesse deserto

de sentimentos incerto


IV

olho-me no espelho

o espelho me olha frio

são olhos que me ignoram

a mover-se ao avesso

V

a emoção não me toca

são os neurônios

sinapses

que se chocam

VI

sinto mas

não sei dizer o que sinto

VII

a circulação não garante o coração

VIII

minto enquanto penso

assim não sinto

se penso sinto e minto

assim não penso

IX

o corpo deixa a alma

se não vivo

X

corpo

desejo

sexo e sensação

e onde fica o coração?



NYC, agosto de 2001






SOB ORIENTAÇÃO SUPERIOR









[de um comentário do poeta Filipe Couto]




"...eu não conheci ninguém parecido com você nos meus trinta anos..."

um amor idealizado
fora do tempo
é sonho sem itinerário
de um instante passageiro

que nos remete à fantasia
[na boa!]


para esse pequeno instante
valho-me da poesia


e a canção dos trinta anos é pura nostalgia
de um sonho sonhado à toa...




ou como quis Filipe




"Um amor idealizado,
fora do tempo,

sonho
de um instante passageiro,

remete-nos à fantasia."





Rio de Janeiro, agosto de 2009













sábado, 22 de agosto de 2009

SCHERZANDO






o diálogo nunca se estabeleceu
entre meu espelho e eu
na verdade que transparece
e a memória sempre esquece

há um calafrio no convívio
entre quase inimigos
se um detalhe pífio
não o conservasse comigo

o espelho é meu
moldura antiga
dizem que foi de Romeu

mas aqui nesta cantiga
foi Julieta que valeu
pois há muito nem me liga


Rio de Janeiro, agosto de 2009




REDESCOBERTA








perdi meus sonhos
abafei-os por toda a vida

fui sonhador
mas
em lamentos e incerteza
em mim rebelou-se a natureza

é urgente agora
redescobrir cada palavra
alegria liberdade
a busca da verdade
é urgente a claridade


Rio de Janeiro, agosto de 2009





UM DESEJO UMA RAZÃO



TRINTA ANOS
[revisto e reconsiderado em busca do lírico que há em mim]


eu queria ter trinta anos
e voltar a sonhar
e fazer planos
e não contar os dias
e viver cada instante
eu queria ter trinta anos
e crescer para a vida
e descobrir novas trilhas
e amar novamente
eu queria ter trinta anos
e vencer o tempo
e recriar os momentos
eu queria ter trinta anos
e voltar a viver

eu não conheci ninguém parecido com você nos meus trinta anos...

um improviso, 2008/2009.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

URGÊNCIA




para Aninha e Alice



[a] a crise

cresce em mim o sentimento
arquejante sufocante
à margem de meus versos
da presença indesejada
que pelos passos do tempo não demora

acordo cada dia em meio ao sonho
com a fronte descorada
trêmulo de medo
na coragem de dizer - não quero
não não a quero agora

e no leito adormecido
o sonho recomeça
e o beijo é frio
mas a face despudoradamente jovem
sorri na tentação
e diz - sou eu!

espero o medo mas não me angustio
pois o que vem é esperado
triste suspirado
é parte de um desamor bem conhecido
que a vida traz do nascimento

peço tempo à imprudente jovem visitante
velha senhora transvestida
de pé à beira de meus versos

[b] interregno

lembro a ficção
e prezo a noite
silencio o escuro e me consinto
fugir do amor não desejado

[c] decisão

não não direi o eterno adeus agora
acordo em plena aurora
que me cheira a madrugada
o alvor do dia que renasce
o tempo renovado
e o urgente amor
na reinvenção da alegria

duas vidas iluminam-me o futuro
a curiosidade me aquece
no que são
e tornarão
no bulício jovem da aventura

é tempo de mudar o sonho
é urgente resistir
é urgente
multiplicar o beijo
caminhar
viver para sentir
e decididamente amar


São Paulo, 13 de julho de 2009