"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
RIO
o seco azul do céu iluminando o mar
amanheceu gaivotas (e barcos pescadores)
cruzei a linha do horizonte
um olhar de maravilha
e o sol na tangente incandescente
o dançarino traçado no ar é sorriso
esvoaçante em asas todo abertas
mergulhos
como raios brancos sem trovões
são vida os movimentos
o sol em corrida brilhante
a linha do horizonte curva além das ilhas
a África sonhada
o planeta em plena solidão no trajeto sideral
meus olhos
minha alma e coração
eternidade
tudo é Rio
Rio de Janeiro, fevereiro de 2014.
O SEM SENTIDO
ah quanto sem sentido há no que escrevo
por que me parece tão sem sentido
se a linguagem é comum a leitor e autor
indago
não sem angústia busco um tema que me torne claro
refaça meus pensamentos
re-utilize minhas palavras
reforme o que nos meus termos não consegui
não digo nada nada tenho a dizer
que sentimentos (se os há)
que pensamentos
se o autor é distinto do leitor
como transitar de uma a outra alma sem falsificar
um dia desaparecerei
a odiosa dama convidar-me-á para seu festim
e não terei escolha
tudo que escrevi não terá destino
repousará nos séculos enquanto tinta e papel resistirem ao mofo
no mais distante dos mundos
ausente fisicamente
zelarei apenas pela minha vaidade em vida
para que não deixe traços
enquanto estou vivo
estou vivo
continuarei a não entender por que
mas não perguntarei
e escreverei
Rio, fevereiro de 2014.
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