quinta-feira, 7 de abril de 2016

'DIVAGAÇAO





submetido à cura de ser quem sou
busco forças neste crepúsculo 
para traçar o caminho que me leva ao despenhadeiro final
assim me encontro próximo da linha derradeira
matéria viva a ser em breve vencida

não me impressiona a curta linha
sou mortal nasci assim
tampouco nutro sentimentos falsos
sobre a indesejada de tantos
amiga de diálogos francos
que não torno íntimos pelo rigor de suas sentenças
todas finais

recordo meu tempo com amor 
não dispenso dele a alegria
diante de barreiras eliminei preconceitos
para entender o mundo ao sair dele
no que foi deliciosa jornada entre lugares distantes

conheci gentes línguas estranhos costumes
enquanto a terra mudava de cores
do inverno branco à primavera florida
que me trazem à lembrança os campos da Sicília
seca e saborosa árida e aconchegante
e o mar circundante azul de gaivotas estridentes
sol a pino sobre as colunas de Agrigento
rosas esfarelando nos séculos sua grandeza

Ah deuses que não renego espero força
que me retorne às doces uvas quase passas de Thera/Santorini  
que me faça livre
à beira da cratera sempre Thera
vulcão solitário em pleno Egeu 
livre nos sonhos que entretenho
serei livre

Rio de Janeiro, abril de 2016